No último dia 11 de setembro, a professora Maria Alice Braga, as alunas do Curso de Pós-Graduação em Língua e Literatura e eu tivemos a satisfação de receber o diretor de cinema, Henrique de Freitas Lima, em uma aula da disciplina Literatura e Cinema no Rio Grande do Sul, sob minha responsabilidade. O objetivo era um contato mais estreito entre a realidade técnica do cinema e seus laços com a literatura, no entanto, todas as expectativas foram ultrapassadas.
Com base nos resultados, deduzimos que qualquer acadêmico que deseje aprofundar a pesquisa em torno das relações entre cinema e literatura , à luz do binômio cultura-identidade, no Rio Grande do Sul , cruzará com o nome de Henrique de Freitas Lima . O cineasta gaúcho é um tenaz defensor de questões culturais e identitárias entranhadas no espírito e na realidade sulina , distante do superficialismo festivo e folclórico que , não raro , remete ao estereótipo , obliterando questões importantes .
Considerando-se a antiguidade da literatura , o cinema é ainda uma arte jovem . No Brasil, não possui uma tradição sólida por razões evidentes da nossa condição histórica no plano global do Ocidente . Fazer cinema no Brasil, onde os obstáculos financeiros se erguem como cordilheiras , já é uma arte , a arte da persistência . Fazer cinema no Sul é, por conseguinte , ainda mais difícil , pois agregam-se, a esses embaraços , as barreiras culturais internas, que fazem o centro político e econômico do Brasil ver o Sul como um país estrangeiro .
Os dramas , os conflitos , os desvarios , as paixões , as delicadezas do espírito , as mesquinharias do homem na sua solidão comparecem como alvos privilegiados do diretor e roteirista .
É assim que o cineasta mantém um estreito diálogo com a literatura e um constante acercamento à valorização de personagens históricas e de outros segmentos artísticos , como é o caso do filme “Concerto campestre ”, baseado na obra de Luiz Antônio de Assis Brasil; do filme “Lua de outubro ”, baseado em três contos do escritor Uruguaio Mário Arregui; da série “Contos Gauchescos ” para televisão , baseados na obra do escritor pelotense, Simões Lopes Neto e do documentário sobre o pintor e desenhista bageense Danúbio Gonçalves, primeiro episódio da série “Grandes Mestres ”. Fiel às suas convicções estéticas e culturais, Henrique defende que a qualidade ou o mérito de uma obra artística tanto independe quanto não exige o abandono das marcas de regionalidade.
Saudamos o diretor Henrique de Freitas Lima pelas convicções das ideias com que realiza e defende a sua arte .
Querida professora Débora
ResponderExcluirMaravilhoso o seu texto. É incrível como estamos nos fortalecendo com suas aulas. Realmente, o blog está sendo um espaço rico para todas nós e, com certeza, aos visitantes.
Um abraço
Tânia
Tânia, agradeço as palavras. Fico feliz que estejam sendo proveitosas as aulas. Isso é o que mais importa. Abraço!
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